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Cinema, pipoca e divã

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Por REGINA LÚCIA S. VICENTE PEREIRA

Membro do Grupo de Estudos de Psicanálise de São José do Rio Preto e Região

Fazer indicação de filmes, acredito eu ser uma missão muito delicada. Claro, gostos e preferências são características muito particulares e peculiares. Então, caros leitores, humildemente antecipo que o que vão ler aqui são as percepções e entendimentos que o filme provocou em mim.


O filme que lhes indicarei hoje se chama: Mary Shelley (Reino Unido, Luxemburgo, EUA; 2018), com a direção de Haifaa al Mansour, que também é o roteirista, com a parceria de Emma Jensen. Meu primeiro comentário fica exatamente no roteiro: o filme é uma poesia em imagens e palavras; leva-nos a sonhar, sofrer, acompanhar os personagens em suas mais profundas feridas.


Trata-se de um drama biográfico, que conta a história do romance entre o poeta Percy Shelley e Mary Wollstonecraft, uma jovem de 17 anos que viria a se tornar a aclamada escritora Mary Shelley, autora do livro "Frankenstein ou o Prometeu Moderno". As atuações de Elle Fanning e Douglas Booth nos papéis de Mary e Percy estão impecáveis, alcançam a doçura e tristeza que o amor e o sofrimento lhes impõem durante a vida.


Sua escrita é o trabalho de um plagiário, liberte-se dos pensamentos e palavras de outras pessoas, encontre a sua própria voz” – William Godwin. Esse é o conselho do pai de Shelley – também escritor renomado da época – para sua filha. A fala me tocou profundamente, pois seria esse o ponto de partida para que ela encontrasse, dentro da dor de sua alma, seu monstro galvanizado.


"Frankenstein" é uma obra de ficção atemporal, em que a autora explora a dor de uma criatura que não podia ser amada nem mesmo pelo seu criador. Será que esse se torna o destino de todos nós? Sermos feitos em pedaços por dores lancinantes que, por fim, nos afastam do amor? Seríamos nós capazes de transformar todas as dores em poesia e colocá-las no papel para expurgá-las? São perguntas que não se calam dentro de mim depois de ter assistido ao filme.


Bom, para quem aprecia filmes que retratam uma época, romance, dor e lágrimas, baseados em fatos reais, este filme é imperdível. Saboreie cada palavra, cada imagem e deixem os lenços ao alcance, as lágrimas são inevitáveis.


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