Postagem:
Neste trabalho vou investigar a noção de infantil no adulto, procurando observar suas várias dimensões possíveis. Primeiramente abordo Freud com sua rica e profunda hipótese da sexualidade infantil, perverso polimorfa e seu recalcamento .Trago também a crueldade e violência da mente primitiva, nos estados arcaicos postulados por Klein. Na mente multidimensional de Bion, posso entrever a noção de "O" como origem, ao mesmo tempo inacessivel (Kant) e acessível no tornar-se uno com o outro. Abordo também a noção de mente primordial, ainda não nascida e indiscriminada do corpo, que pode ser intuída na dupla analítica. Neste ponto lidamos com “ser só e dependente, urge para existir e a consciência moral primitiva”. Lido também com as observações de Guignard, onde o infantil se liga a matriz da vida de fantasia e origem dos processos simbólicos, num movimento entre o passado o presente e o futuro. Aqui o infantil se liga as emergências pulsionais irrepresentáveis, nos limites da animalidade e aos traços mnêmicos e restos representáveis, matriz do psíquico, dos afetos, da esperança , da crueldade, da coragem, enfim o que nos caracteriza essencialmente como indivíduos únicos. Abordarei também o infantil do analista, seus pontos cegos e a possibilidade de transformá-los criativamente por meio da rêverie, contando evidentemente com sua análise pessoal e suas reanálises. Esses aspectos serão ilustrados por fragmentos clínicos que podem iluminar nossas hipóteses.