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Na psicanálise, infância e infantil estão remetidos a estruturas conceituais diversas. Enquanto a infância refere-se a um tempo da realidade histórica, o infantil é atemporal e está remetido a conceitos como pulsão, recalque e inconsciente.
Cenas e lembranças referentes aos primeiros anos de vida dos pacientes estão presentes nos escritos freudianos desde os seus primórdios. O que marca a elaboração teórica em torno deste período da vida humano e, consequentemente, o modo próprio como os psicanalistas ouvem os relatos de seus pacientes em relação aos seus primeiros anos de vida. É importante lembrar que essa compreensão do infantil tem uma ressonância fundamental no trabalho analítico.
A criança que Freud descortina sente tristeza, solidão, raiva, desejos destrutivos, vive conflitos e contradições, é portadora de sexualidade, escapa ao controle da educação e “[...] é capaz da maior parte das manifestações psíquicas do amor, por exemplo, a ternura, a dedicação e o ciúme” (Freud, 1907/1976, p.139)
Assim, se o infantil na psicanálise é constituído em referência aos conceitos metapsicológicos em seu afastamento e diferenciação ao tempo da infância, embora que irrevogavelmente referido à mesma. O infantil diz do modo peculiar de tomar a infância no trabalho de análise, ou seja, como marca mnêmica recalcada, referente aos primeiros anos de vida.