Sobre a formação do psicanalista | Grupo de Estudos de Psicanálise | Gep Rio Preto

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Sobre a formação do psicanalista

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Por TERESA CRISTINA RIBEIRO KFOURI

Membro do Grupo de Estudos de Psicanálise de São José do Rio Preto e Região

Muito se tem falado em relação a formação do psicanalista ou formação em psicanálise.
Afinal do que se trata a formação de um psicanalista? Por que se diz formação e não graduação
ou especialização?
Talvez porque não aconteça em um meio acadêmico? A parte clínica da formação não se aprende em
nenhuma universidade. Desde a criação de Freud e os avanços substanciais teórico clínicos trazidos por
vários autores, a formação analítica é oferecida exclusivamente pelas Sociedades de Psicanálise no Brasil e no mundo, criadas para esse fim a mais de cem anos. O estudo da teoria psicanalítica isolado, não forma um psicanalista.  
Estas instituições são peças-chave na percepção de que o método psicanalítico é efetivo para lidar com o sofrimento humano. Essa tradição se dá desde Freud, que postulou ser fundamental no longo percurso da formação, a análise do analista, que ocupa o primeiríssimo plano, seguido das supervisões oficiais e dos seminários oferecidos pelos institutos de cada Sociedade de Psicanálise. Portanto, a formação tem como base principal, a experiência da análise pessoal; sem ela não é possível ser psicanalista.
É nesse percurso que o analista se prepara e desenvolve condição mental para permanecer em abstinência de seus próprios desejos e atitude de respeito pelo funcionamento mental de seu paciente – suas ações e decisões.
São condições essenciais e indispensáveis que permitem ao analista mergulhar em uma situação  minimamente favorável à jornada das possíveis descobertas a cada sessão com seu paciente. Tornar-se psicanalista implica em um processo de busca por si mesmo e afastamento dos excessos e preconceitos de qualquer natureza.
É um grave risco que a formação do psicanalista seja esvaziada ou mesmo banalizada. O principal instrumento no exercício da psicanálise é a mente do analista.
Desde sempre a psicanálise tem sido apropriada de diversas maneiras como por exemplo ao proselitismo religioso. Freud sempre considerou a religião antagônica à psicanálise. Lamentavelmente há grupos políticos e religiosos fazendo lobby para “legalizar” a psicanálise, o que apresenta de maneira clara uma motivação empresarial e de desprezo pela formação legítima. A psicanálise é laica!
Instituir cursos de graduação de psicanálise é um grave atentado à sua própria existência como método de conhecimento e de tratamento da dor mental.
Freud deve estar revirando no túmulo!

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