Estamos convivendo com o imponderável, o imprevisível, com a ameaça à nossa sobrevivência e com a absoluta falta de noção de uma catástrofe de dimensões mundiais!
Ficamos ávidos em busca de informações para nos guiar em relação às condutas preventivas, de cuidados e de perspectivas futuras.
Esse árduo e inusitado momento que estamos atravessando tem despertado angústias primitivas, atingindo cada um de diferentes maneiras. Não dá para negar que todos estamos sofrendo e padecendo de um desamparo absoluto.
A cada dia somos confrontados com mudanças na nossa rotina, seja de trabalho, doméstica ou social. Para cada impedimento que esbarramos, abre-se uma vala de desconforto que nos leva a ter que descobrir um novo jeito de estar no mundo.
Lembro aqui de um conceito de Wilfred Bion, que é a "capacidade negativa", ou seja, a capacidade de suportar o desconhecido dentro de nós e tolerar os sentimentos negativos.
Estarmos sem referências, sem rumos. Virados de cabeça para baixo, carentes de respostas imediatas e, ainda assim, desafiados a manter a capacidade de pensar. É uma espécie de viga de sustentação para tempos tão difíceis! Encontrar alternativas criativas depende muito dessa condição, deixando fluir a intuição e, assim, dar significado aos afetos.
Não tem sido nada fácil!